sábado, 18 de julho de 2009

Minhas Migalhas.

Estamos mais do que acostumados a ver filmes. Gostamos de ouvir estórias. Isso vem conosco desde a infância, quando nossos pais sentavam em nossas cabeceiras e liam ou inventavam roteiros de aventuras rocambolescas, com príncipes e dragões. Os filmes substituem o orador, mas continuamos precisando de fantasias.
Não é para falar mal de cinema o propósito deste texto, mas para destacar que nessas aventuras cinematográficas sempre encontramos a figura do herói, seja ela a mais atípica possível. O herói é, antes de tudo, uma pessoa que sabe qual é o seu propósito na vida. Ele tem uma missão, ele sabe, como numa tragédia às avessas que será bem sucedido. O herói sabe para o que ele serve, tem a certeza do futuro glorioso pela frente.
Em nossas vidas ordinárias é tão difícil saber qual é o nosso propósito, não? Bem, para mim é. Tenho tantos personagens dentro de mim que construir uma estória para a boa aventurança de um deles somente é quase uma covardia. Todos querem se dar bem. Quando mais novo eu achava que a glória seria o caminho natural para mim. Eu o onipotente. Várias solapadas depois, já não tenho tanta convicção de sucesso, continuo tentando no entanto. Não na esperança de vitória, embora essa esta exista, mas no prazer da realização. Gosto do fazer. Gosto de sentir todo o progresso de um projeto. Tenho vários desejos para por em ação, a grande maioria sucumbe à inércia da preguiça, os que se fazem imperiosos tornam-se objetos de arte, que insisto em por no mundo. Não quero que minha existência fique sem vestígios, quero deixar pistas de que existi, nem que sejam rastros de farelos como João e Maria. Pássaros,podem comê-las. Alguém saberá de mim. Please remembre my name.

Um comentário:

  1. Fala Júlio. Achei forte esse post. Essa busca pela eternização é angustiante. Mas me parece que não é possível um prazer puro no fazer se há esta angústia, esse desespero por deixar rastros, pois com isso entramos no transe da necessidade de se alcançar o resultado e a caminhada sai do terreno da experiência pura. Mas apenas homens iluminados não se sentem impotentes, apequinados e angustiados frente à impermanência.

    Forte abraço.

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